13 janeiro 2014

O sabor da amizade

Fonte: http://chalita.com.br/


Quando um ano finda, muitas pessoas gostam de limpar as gavetas. De jogar fora documentos que não mais terão utilidade. Papéis desnecessários.
Há os que arrumam o guarda-roupa. E tiram as roupas que já não servem ou que servem, mas podem servir melhor a outras pessoas que têm menos. Como é bom ser solidário.
Alguns guardam agendas antigas como memória de conquistas e de aborrecimentos. Outros as descartam. Há aqueles que fazem uma limpeza no computador. Programas que não são utilizados e que só ocupam espaço. É sempre bom deixar um lugar para o novo.
Descartar coisas nos faz muito bem. Descartar pessoas, não.
Evidentemente, há algumas que nos pesam e que nunca foram nossas amigas. Surgem para dar notícia ruim. E saem para fazer comentários piores ainda. Essas não contam. Aliás, é bíblica a reflexão de que "são belos os pés do mensageiro que anuncia a boa nova, a boa notícia". E sempre há uma boa notícia a ser dada, é só ter boas intenções.
Os amigos, os que nos acolhem em qualquer situação, os que dão sabor ao cotidiano, esses não podem ser descartados, sob pena de ficar faltando algo essencial em nossa jornada.
Há contratempos que surgem, pequenas desavenças. Faz parte. Até porque nunca encontraremos um amigo perfeito. E a razão é simples. Não há ninguém perfeito. Nem nós. Os nossos amigos também terão que conviver com os nossos estranhamentos, as nossas manias. Mas é melhor assim do que prosseguir sozinhos.
A amizade tem um sabor especial. Um alimento que faz bem, que nos fortalece, que nos dá significado. É o amor que dá significado à vida. Saber que somos esperados não por aquilo que temos, mas pelo que somos. Porque rimos e choramos. Porque nos cansamos e nos revigoramos. Porque a nossa prosa faz a vida de alguém mais poética. Porque as nossas histórias alimentam outras histórias que nos alimentam também.
Guimarães dizia que  "o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia”. É disso que falo, da travessia fascinante que é a vida, e dos afetos que a tornam mais saborosa.
Por Gabriel Chalita (fonte: Diário de S. Paulo) | Data: 3/1/2014

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