20 junho 2014

A cultura do encontro

Desde que o mundo conheceu o novo papa, somos todos – católicos ou não – surpreendidos por sua sabedoria e simplicidade. Francisco é um homem de palavras exatas. De reflexões singelas e provocativas. Ocupa-se, incansavelmente, de nos atentar para as evidências que, na velocidade da vida moderna, deixamos de enxergar, de ponderar.
Em sua rede social, com 14 milhões de seguidores, o papa nos chama para o cuidado com os idosos: "Às vezes descartamos os idosos, mas eles são um tesouro precioso: descartá-los, para além de ser injusto, é uma perda irreparável”. Alerta-nos contra a cultura do descartável. Da injustiça. Convoca-nos, enfim, à missão de paz e bem. “Fazei-me instrumento de Vossa paz”, como disse o outro Francisco, o santo de Assis. O revolucionário do Amor.
Apenas o amor pelo próximo nos faz enxergar a face de Deus. Descartar nosso irmão é desconhecer nossa essência. Somos carentes uns dos outros. Em qualquer idade. No caso dos idosos, há uma razão a mais: é desperdício não aprender com sua sabedoria e experiência. Os idosos, assim como os jovens, constroem a sociedade, sustentam-na, alimentam-na em sua fonte de conhecimento, de histórias, de continuidade da família, de vir-a-ser. Edifiquemos a cultura da inclusão, do encontro, do acolhimento.
Pesquisas revelam que a população mundial vem envelhecendo, e a pirâmide etária, antes triangular, tende a se transformar. As pessoas estão vivendo cada vez mais. Além disso, nota-se uma participação mais ativa dos idosos, seja na continuidade do trabalho ou do estudo, seja na contribuição orçamentária às famílias. É evidente a importância da mudança do estereótipo do idoso e de sua inclusão.
Sigamos os exemplos da milenaridade das culturas que respeitam e dedicam a seus idosos posição de destaque no tecido social; amemos os que se empenharam em construir o que somos. Continuemos. Juntos. Sem descartar ninguém. 

Por: Gabriel Chalita (fonte: Diário de S. Paulo)

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