07 dezembro 2014

50 anos celebrando o Amor


Monsenhor Jonas Abib está celebrando 50 anos de ordenação sacerdotal. Nascido em Elias Fausto, o menino que, em São Paulo, estudou com os Salesianos no Liceu Coração de Jesus teve em seu coração o ardente desejo de servir a Deus cuidando dos jovens. Enfrentou doenças, dificuldades, pedras tantas que lhe roubaram lágrimas, mas nunca a fé. A fé guiou seus passos para criar uma pequena comunidade que se tornou gigante e está presente em diversos países no mundo todo. A Canção Nova surgiu de um sonho do Padre Jonas de "formar homens novos para um mundo novo". Homens e mulheres que soubessem encontrar um sentido para viver. Homens e mulheres que experimentassem a real felicidade de viver o cristianismo.

Começou pregando em retiro de jovens. Revolucionário, usava o violão em suas celebrações. Compunha lindas canções que tocavam a alma e apresentavam um Deus capaz de nos surpreender, de nos alimentar de esperança e de fazer preservar em nós a alegria. Conceitos que o embalaram. Sintática da inesquecível homilia do Papa Francisco, muitos anos depois,  na Missa de Aparecida.

O jovem Jonas Abib ficou doente, tuberculoso, e aproveitou o momento para cantar com os internos do sanatório e celebrar com eles a missa de natal. Preparou entre os tuberculosos o aniversário do menino Jesus. Jesus, o Deus que Se fez homem e que jamais discriminou ninguém, nem os que mais sofriam preconceitos, em Sua época, como os tuberculosos.

Jesus amou as mulheres em tempos difíceis para elas. Padre Jonas quis começar sua comunidade com mulheres e homens, juntos, convivendo em harmonia. Alguns estranharam. O que fariam esses jovens vivendo juntos? Ele via além. Fariam o bem. Experimentariam a vida comunitária como os primeiros cristãos. Viveriam a pedagogia do encontro. E, no encontro com Deus, seriam capazes de comunicar ao mundo a verdade que os embalava.

Padre Jonas começou seu programa de rádio, no início da Comunidade Canção Nova, falando em Sistema Canção Nova de Comunicação. Uma rádio que só pegava na minha amada Cachoeira Paulista, minha cidade natal. Mas os olhos do profeta do Amor queriam mais. Queriam que sua mensagem chegasse a outros cantos. Principalmente nos cantos de dor em que jovens desesperados corriam os riscos de renunciar à liberdade para viver nas presas da violência, das drogas, da ausência de amor. Seu lema: “Não desista de ninguém, pois Deus não desiste de nós”.
O tempo foi passando.

Suas canções falam de sua entrega, da liberdade que em Deus ele encontra:

Quero transformar numa canção,
As juras de amor por Ti, meu Deus.
Entraste em minha vida sedutor,
Já não sei viver sem Teu amor.
Tudo Te entreguei, nada me restou,
Livre eu fiquei para Te amar, meu Deus.
Tudo me pediste, nada eu Te neguei,
Hoje eu sou feliz assim, tenho a  Ti,  meu Deus.

Suas canções trazem a poética do encontro. O necessário silêncio. A oração que nos aproxima de nós mesmos, que nos conduz ao âmago do que nos realiza:

Ouço Teu silêncio, meu Senhor, para distinguir só Tua voz.
Busco meu cantinho sem ninguém para só Contigo eu ficar.
Eu Te busquei no barulho, só encontrei solidão.
Eu quis me encher de prazeres e mais vazio fiquei, meu Senhor.
Mas hoje Te encontro na flor, nas ondas do mar, no azul deste céu.
Hoje Te encontro, meu Deus, num gesto de amor sem nada esperar.

Monsenhor Jonas Abib celebra 50 anos de padre. Ainda tem a vivacidade e a esperança de um menino.  O mesmo entusiasmo. Tem as mãos e o coração plenos de Deus. Sua sabedoria mescla-se com sua simplicidade. A simplicidade de um homem que tem fé, que crê nas possibilidades, que acredita que o reino de Deus começa aqui e agora. Uma vida inteira dedicada ao bem. Com leveza, com suavidade, com coragem.
Em um mundo carente de referenciais, é bom conhecer um pouco mais a sua história. É bom saber que existe água no deserto, que se avista luz na escuridão, que se tem esperança na dor. Aliás, dor e esperança coexistem. Basta compreender. Para isso, Monsenhor Jonas ensina: “A vida não terminou. E já dizia o poeta ‘ que os sonhos não envelhecem’”.

Por: Gabriel Chalita (fonte: Diário de S. Paulo) | Data: 7/12/2014

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