18 outubro 2015

Maria e as Bodas de Caná

No dia 12 último, celebramos a festa da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Romeiros de cantos diversos foram à casa da Mãe para cantar a simplicidade e sonhar com dias melhores. Festa da fé. No dia anterior, em Belém do Pará, uma multidão veio de cantos diversos para caminhar com a imagem da Virgem de Nazaré. Não há competição entre uma ou outra. Trata-se da mesma Maria, da mãe de Jesus, que é lembrada com nomes diversos por razões diversas. Nossa Senhora de Fátima ou de Lourdes ou da Piedade ou de Guadalupe ou da Glória é a mesma que a de Aparecida ou Nazaré. É a mãe do Filho de Deus. É a intercessora junto ao Mediador.
No dia da Padroeira, dia 12, o evangelho da celebração traz o que é considerado o primeiro milagre de Jesus. As Bodas de Caná.


Maria estava na festa com seu filho. Festa de casamento. Maria não tinha responsabilidade nenhuma por aquele casamento. Nem pela comida. Nem pela bebida. Nem pelos convidados. Era ela convidada. Poderia estar apenas se divertindo como tantos outros. Poderia estar desligada - isso acontece com frequência em festas dos outros. Maria percebeu, entretanto, que o vinho havia acabado. As festas de casamento, na época, duravam uma semana. Cabia aos anfitriões oferecer boa comida e boa bebida a seus convidados. E o vinho era essencial para a celebração da alegria em torno do casal. As pessoas estavam aflitas e não sabiam o que fazer. E, assim, Maria intercede a Jesus para que resolva aquela tristeza.
 Há vários significados para essa passagem evangélica. Optemos por um. O vinho simboliza, nesse contexto, a alegria. A alegria dos esposos que, ali, comemoravam com seus convidados o amor.
Naquela festa, havia acabado a alegria. Na festa das Bodas de Caná, acabou a alegria. Em uma festa, em uma família, acabou a alegria. O símbolo de uma união bem sucedida estava em risco.
A imagem da festa e daquelas pessoas frente a uma dificuldade assemelha-se à vida de uma família dentro de um lar. As preocupações do dia a dia, a importância da crença na intercessão de algo ou alguém cujo desejo maior seja a restauração da alegria, da paz, da harmonia. Assim foi a ação de Maria ao pedir a seu filho que a alegria voltasse. Porque uma vida sem alegria não tem o sabor que merecemos. Maria poderia não estar atenta, mas estava. Maria poderia não ter tido compaixão, mas teve. Maria poderia ter ficado inerte, mas agiu. E a alegria voltou.
Há tanto aprendizado nessa narrativa. Um mundo com desatentos e descompromissados com a ausência de alegria dos outros é um mundo que nos diminui. Maria nos amplia, nos eleva, nos inspira. Faz-nos crer que há saídas, soluções para nossos dramas, nossos desapontamentos. Basta esperar. Basta acreditar. Em cada aparição de Nossa Senhora, uma razão especial, uma mensagem especial para resgatar a alegria. É a mãe dizendo ao Filho: “Ajude-os, meu filho! A alegria deles acabou”. A atenção de Maria, sua sensibilidade e amor, evitaram que a alegria se transformasse em tristeza e a festa que selava uma união fracassasse.
Onde está nossa alegria? Talvez o caminho para recuperarmos a nossa alegria seja refletir sobre o que ela disse àqueles homens que trabalhavam naquela festa: "Façam tudo o que meu Filho vos disser".


O que Jesus nos diz hoje? O mesmo que disse ontem. E o mesmo que dirá amanhã: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei". Apenas isso. E a alegria estará de volta. A nossa e a dos outros. Porque sozinhos não há festa, não há vida, não há alegria.
Por: Gabriel Chalita (fonte: Diário de S. Paulo) | Data: 18/10/2015

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