11 abril 2014

Algumas linhas sobre o perdão

Perdoar é dar oportunidade para si mesmo de seguir adiante.
Perdoar é, mesmo diante da lembrança da dor causada, compreender a cicatriz. Não é esquecer. Não temos esse controle sobre nossa memória. Mas é deixar a dor partir.
Não perdoar é condenar-se a carregar o passado nas costas, como um peso que impede a dádiva do recomeço. Não perdoar é não vislumbrar futuros. É escolher o sofrimento. É negar a si mesmo as novas possibilidades. É desprezar a graça do momento presente que nada mais é do que um presente que recebemos todos os dias.
E perdoar não é fácil. Sabemos disso. Na sociedade competitiva em que vivemos, parece que o perdão demonstra fraqueza. Os fortes se vingam. Acabam com o outro. É assim nas lutas. Ganha o mais forte. O outro é o perdedor. É assim nas histórias de supostos vencedores que se gabam ao falar que enganaram, que destruíram, que venceram.
O que é vencer? Destruir o outro é vencer? Passar a vida aquinhoando migalhas de destruição alheia é vencer? Provar que é o mais forte é vencer?
Há formas estranhas de enxergar a trajetória da vida. Talvez tenha faltado educação. Talvez tenham faltado bons exemplos. 
Uma mente atormentada em busca de vitória ou de vingança ou de poder não pode ser considerada uma mente vencedora. Não é para isso que nascemos.
A vida ganha um sentido todo especial quando conseguimos usufruir seus mais modestos momentos. Do dia a dia, das relações de afeto na família, no trabalho, entre os amigos. Simples assim, como diria Mario Quintana, “como a água bebida na concha da mão”. 
Na simplicidade da vida, deparamo-nos com pessoas que, por alguma razão, voluntária ou involuntariamente, nos decepcionaram. Ou tramaram contra nós. Ou traíram a nossa confiança. O que fazer? Vingar-se? Desconfiar de todas as outras amizades que surgirão? Bobagem. A vida é curta demais para ser desperdiçada com o que não nos faz bem.
Façamos o bem. Sem concessões.
Essa é uma forma bonita de olhar para frente e viver. E seguir adiante. De cabeça erguida. Vitorioso.
Por Gabriel Chalita (fonte: Diário de S. Paulo) | Data: 11/4/2014
Fonte: http://chalita.com.br/

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