03 fevereiro 2015

[OS PÁSSAROS DE MOEMA]

colunaMoema, para quem nunca ouviu falar, é um bairro paulistano que todo carioca adora. Dá para ir a pé para qualquer lugar. Não precisa de carro para comprar o pão pela manhã. Não precisa de carro para aproveitar o almoço pela tarde. Não precisa de carro para beber o chope pela noite. Para quem gosta de caminhar Moema é quase um poema. Mas só tem um problema: não tem cinema no Shopping Ibirapuera. E quem precisa pagar para ficar estático em uma sala refrigerada para admirar os movimentos de uma tela gigante quando se tem um céu imensurável para contemplar gratuitamente todos os dias?
O céu de Moema é diferente. Não por ser mais azul do que qualquer outro. Mas é um céu que narra histórias diferentes a cada segundo. As nuvens são artistas incríveis: sempre nos surpreendem. Ontem, vi um dragão engolir meus medos. Hoje, talvez nasça uma flor no peito daquele menino que escreve amargurado. As pétalas serão palavras bonitas, eu sei. Amanhã, quem sabe, elas não desenhem a esperança.
O céu de Moema mais se parece com um caminho flutuante, sem acostamento e invisível, desenhado especialmente para guiar as criaturas mais emblemáticas, fascinantes e fantásticas, que passam diariamente por este bairro: os pássaros metálicos. Pássaros que decolam, voam e pousam diariamente em intervalos matemáticos. Feito cegonhas sobrevoando Congonhas. Pássaros que não batem asas, mas apanham tantas histórias nas suas penas. Carregam o peso da humanidade na leveza dos seus corpos de alumínio.
Pareço bobo, toda vez que ouço o som das suas turbinas já me preparo para olhar o infinito. Não enjoo nunca. Me sinto novamente menino, quando rasgava pedaços de jornal e fazia pequenos aviões. Aviões que decolavam com a única tecnologia que a infância é capaz de produzir: a imaginação.

Por Pedro Gabriel 
Fonte:  http://www.intrinseca.com.br/

Escritor dos livros Eu me chamo Antônio 1 e 2 

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