Shakespeare, Juca, Lear
Que Shakespeare é um genial leitor da alma humana, capaz de transformar em textos intrigas, dramas – vícios e virtudes do ser humano –, ninguém duvida. Que Juca de Oliveira é um mestre dos palcos e das telas, um ator que se reinventa a cada personagem para cumprir o compromisso com a essência de sua vida – ser operário da arte – é mais do que sabido. E Lear, o Rei? Texto desafiador. Parece que foi escrito ontem. Trata de temas que nos incomodam hoje. Uma luta em que os vícios da vaidade, da ingratidão, do egoísmo parecem suplantar a virtude da sabedoria. Mas talvez o intento de Shakespeare seja exatamente o oposto. Mostrar o quanto erramos quando "envelhecemos sem ficarmos sábios". O Rei comunica às três filhas que quer se aposentar. E que vai dividir o poderoso reino entre elas; para isso, quer ouvir as melhores declarações de reconhecimento de sua grandeza. Quer alimentar sua vaidade. Duas filhas fazem o jogo do pai e o engordam de elogios. A mais nova, a sincera, a...