"A pipa e a flor", uma encantada história de Rubem Alves
Era uma vez uma pipa. O menino que a fez estava alegre e imaginou que a pipa também estaria. Por isso fez nela uma cara risonha, colando tiras de papel de seda vermelho: dois olhos, um nariz, uma boca... Ô pipa boa: levinha, travessa, subia alto... Gostava de brincar com o perigo, vivia zombando dos fios e dos galhos das árvores. - “Vocês não me pegam, vocês não me pegam...” E enquanto ria sacudia o rabo em desafio. Chegou até a rasgar o papel, num galho que foi mais rápido, mas o menino consertou, colando um remendo da mesma cor. Mas aconteceu que num dia, ela estava começando a subir, correndo de um lado para o outro no vento, olhou para baixo e viu, lá num quintal, uma flor. Ela já havia visto muitas flores. Só que desta vez os seus olhos e os olhos da flor se encontraram, e ela sentiu uma coisa estranha. Não, não era a beleza da flor. Já vira outras, mais belas. Eram os olhos... Quem não entende pensa que todos os olhos são parecidos, só diferentes na cor. Ma...