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Mostrando postagens de novembro, 2014

Resenha: A menina que roubava livros

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A Menina que Roubava Livros Markus Zusak ISBN-13:  9788598078373 ISBN-10:  8598078379 Ano: 2014 / Páginas: 478 Idioma: português  Editora:  Intrínseca  A trajetória de Liesel Meminger é contada por uma narradora mórbida, porém surpreendentemente simpática. Ao perceber que a pequena ladra de livros lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. Traços de uma sobrevivente - a mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los em troca de dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. Essa obra, que ela ainda não sabe ler, é seu único vínculo com a família. Assombrada por pesadelos, ela compensa o medo e a solidão das noites com a cumplicidade do pai adotivo, um pintor de parede bonachão que a ens...

O último voo do poeta

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Nosso poeta Manoel de Barros voou. Estamos comovidos, em silêncio, buscando ouvir o último ruflar de suas asas. Nosso poeta desejou tanto usar “palavras de ave para escrever”; mas cometeu muito mais do que isso: suas palavras se fizeram asas para além do voo. E permanecem no ar, ora soltas, ora em frases, desafiando-nos a capturá-las. O poeta, que nasceu menino, partiu menino. Fez de sua maturidade a sua segunda infância; uma vida em poesia. Fez de sua arte um brinquedo. Despojado de regras e convenções, descontruiu a linguagem, poetizou a natureza e o mundo, vestiu de singeleza as palavras. Fez da vida sua arte de simplicidade. Dizia que sua poesia era difícil de ser compreendida, embora fosse feita com palavras simples. Muitos não entendiam essa declaração. Mas é preciso fazer-se criança para compreender. Admirar-se. Encantar-se. Desinventar-se.   Manoel de Barros nasceu às margens de um rio, cresceu menino do mato e amigo do silêncio. A palavra sempre foi seu jogo predile...

O filho da mãe

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A mãe é cozinheira em casa de família. Não pensa em aposentadoria, embora esteja perto dos 70 anos. Gosta do que faz. O filho único é advogado. Estudou em uma universidade particular paga pela mãe. Formado há alguns anos, tem clientes importantes. Veste-se bem. Mora em um bom apartamento. A mãe preferiu ficar no seu canto. Um canto distante do trabalho e da vida do filho. Não reclama. Comenta que o transporte público está melhorando. No percurso, tem tempo para pensar, para rezar, para agradecer a Deus por sua vida. Ficou viúva muito nova. Com um problema sério na coluna, quase morreu no único parto. Resistiu e resiste às dores que surgem. Sem lamentos, sem queixumes. O filho não a visita muito. Diz que falta assunto, que vivem em mundos diferentes. Ele é casado, e a esposa acha estranho ter uma sogra cozinheira. E não acha bom que os filhos convivam com a avó. “Muito rústica”, na opinião da nora. Conheci essa cozinheira. Sua patroa é um encanto e foi ela quem me contou a hi...

Belos cabelos brancos

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Conheci duas senhoras numa missa. Logo que cheguei, uma delas me abriu um sorriso, dando-me boas vindas. Disse que eu era lindo. Eu retribuí. Ela disse que já era velha. Respondi que a beleza não se esvai com o tempo. Ela concordou, sorrindo, e me informou que ia completar 93 anos. A amiga já fizera 90. Contou-me que toma meia taça de vinho tinto toda noite por sugestão médica. A de 90 disse que faz o mesmo. A de 93 reagiu, dizendo que ela tomava a taça inteira e que ocultava isso do médico. A amiga riu e explicou que nem tudo deve ser dito. Uma pessoa, no banco de trás, tossiu. A senhora de 93 ofereceu uma pastilha. Explicou-me que sempre carrega pastilhas para aliviar sua tosse e a dos outros. A missa começou. A 1a leitura era do Livro da Sabedoria sobre a honra da velhice: "mas os cabelos brancos são uma vida sensata. A de 90 olhou para a de 93 e disse, baixinho: "Viu? Estão falando da gente!". E brincou: “E eles nem sabem que disfarçamos a brancura dos cabelo...

Nita e Paulo Freire, um livro sobre o amor

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Nita Freire nos presenteou com os detalhes cotidianos do apaixonado Paulo Freire. Conta que estavam os dois vivendo o luto da despedida. Ela havia enviuvado, depois de um casamento de quase 30 anos. Ele havia perdido Elza, de quem fora cúmplice de sonhos e afagos durante 42 anos. Encontraram-se nos desencontros. Encantaram-se. Os relatos trazem a adolescência da paixão nos anos de maturidade. Não há idade para amar. Nita revigora uma frase corriqueira na vida de Paulo Freire: "eu optei por viver". Bilhetes em cardápios de avião, em guardanapos. Poemas lidos com vagar nos telefonemas apaixonados, quando estavam distantes. Paulo, o patrono da educação brasileira, era um homem romântico. Com as mulheres que amou e com as causas que abraçou. No pouco convívio que tive com Paulo Freire, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, o que mais me chamava atenção era o seu "gostar de viver". Não pode ser educador quem não gosta de viver. Gostar de viver é ...