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Mostrando postagens de janeiro, 2015

Ele disse bom-dia

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Frequento, há algum tempo, uma academia de ginástica  do meu bairro. As pessoas que lá trabalham são extremamente competentes e simpáticas. Nesta semana, quando cheguei, bem cedo, os funcionários da portaria diziam: “Ele disse bom-dia". E repetiam quase que atônitos: "Ele disse bom-dia". Entrei na sala de musculação, e os comentários de alguns professores iam na mesma direção: "Que estranho. Ele disse bom-dia". Gosto da prosa, mas não dedico muito tempo a investigar vidas alheias; entretanto, curioso, quis saber. Contaram-me que um homem, que nunca cumprimentava ninguém, entrou na academia dizendo bom-dia. Apenas uma vez. Mas pegou todos de surpresa. Uma funcionária havia dito que, no início, todos diziam bom-dia a ele. Depois, acharam deselegante incomodá-lo, já que ele não respondia. E, naquele dia, ele, enfim, dissera bom-dia. Parece estranho um simples dizer causar tanto movimento nos movimentos cotidianos. A ausência de polidez é um desperdício na ar...

A primavera (2° parte)

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O mais velho era advogado renomado. O mais novo ocupava o seu tempo como atendente da Tabacaria Domênica. Sempre que podia, eu arriscava atravessar a Rua Domingos de Freitas para observar as miudezas da vitrine. Era ali que nossos olhos se encorajavam para o pecado do encontro. Não havia dissimulação. A vitrine nos nos congregava. Era como se ele tivesse o poder de nos proteger da culpa. Não havia palavra. Dizíamos tudo com os olhos. Eu pedia perdão por não ter coragem de enfrentar meu pai. Ele perdoava. Ele pedia que eu compreendesse a sua incapacidade de trair seu irmão. Eu compreendia. Eu jurava amá-lo até o fim dos meus dias. Ele confirmava o juramento.   Numa manhã de sexta-feira, dia em que a alma parece querer mais que o comum de todos os dias, Alberto surpreendeu-me com um gesto quase cheio de voz. Vendo que eu atravessava a rua para ficar diante da vitrine da tabacaria, correu, estendeu  os braços para dentro da vitrine e retirou um retalho de tecido, deixado á amo...

A Importância de Lutar Pela Nossa Relação.

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Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também.Tá me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco...

NO CORAÇÃO DE QUEM ESCREVE É SEMPRE INVERNO

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Nem todas as palavras saem como ou quando deveriam. Lembro-me de um dia ter me perguntado se era possível escrever no verão, no auge de um dia quente. Questionei também se o nosso organismo tem algum termostato ou qualquer outro dispositivo interno que acione as nossas palavras em função do clima externo.   Saudade , por exemplo, não combina com temperaturas acima de vinte e dois graus. Caso contrário, ela derreteria tal qual sorvete de pistache. E, cá entre nós, quem vai se dar ao trabalho de sentir saudade quando se tem um dia lindo pela frente? Vá à praia! Mergulhe! Esfrie a cabeça! Espere o inverno para senti-la. Indo além,   Realidade   é uma palavra que eu só usaria se o termômetro da rua apontar 42º. Não menos. Ela fica no ponto, naquela temperatura quase insuportável, mas que te deixa um pouco de ar para refletir sobre ela. A realidade é foda. Por outro lado,   Ausência   se adapta tão bem com o mês de dezembro na Sibéria. Aliás, em Paris – fica mais...

Cecília Meireles

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O que amamos está sempre longe de nós O que amamos está sempre longe de nós: e longe mesmo do que amamos - que não sabe de onde vem, aonde vai nosso impulso de amor. O que amamos está como a flor na semente, entendido com medo e inquietude, talvez só para em nossa morte estar durando sempre. Como as ervas do chão, como as ondas do mar, os acasos se vão cumprindo e vão cessando. Mas, sem acaso, o amor límpido e exacto jaz. Não necessita nada o que em si tudo ordena: cuja tristeza unicamente pode ser o equívoco do tempo, os jogos da cegueira com setas negras na escuridão. Cecília Meireles, do livro "Solombra". Fonte: Internet 

DIÁRIO DE ISABELA FREITAS

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Sempre escutei das pessoas que tenho muita sorte. Mas espera aí: O que é sorte? Sorte é ter um amor pra chamar de seu, um bom emprego, amigos de verdade e uma família constituída? Ou sorte é ganhar na Mega-Sena, encontrar petróleo e conhecer seu ídolo? Não sei. O que quero dizer é que o conceito de “sorte” é tão subjetivo que eu não acredito que ele realmente exista. Algo que me diferencia das outras pessoas é que eu sempre acreditei. Acreditar, é disso que o mundo está precisando. Quem não acredita se tranca dentro de si, repele pessoas, sentimentos e oportunidades. Portão fechado não é convite para novidades. Acreditar é tão fácil, simples e mediato… Não entendo por que as pessoas simplesmente não acreditam. Acreditar que hoje vai ser melhor do que ontem e levantar com um sorriso no rosto não requer esforço algum. Dane-se o que dizem sobre expectativas, sou otimista. Não estabeleço metas, objetivos, muito menos planejo o futuro. Mas sei que uma hora ou outra, a vida vai me re...

A primavera (1° Parte)

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Eles eram dois. O mais velho era também o mais robusto, o mais vistoso, o mais alto, trajava roupas de acabamento fino, pisava o chão com sapatos visivelmente caros e demonstrava intimidade com as palavras. O mais novo era também o mais tímido. O corte do terno não merecia atenção. Nele, um mínimo de palavras. O olhar baixo, quase sem expressão. As mãos no desajeito, mãos sem pertences, sem futuro feliz e as pernas num balanço descompassado, denunciando que não gostariam  de ter chegado.O sapato era sem nem um atrativo estático. Um sapato feito para durar e só. O mais velho tinha bigodes. O mais novo não. A cara limpa lhe conferia um jeito de rapaz que ainda não sabia o que esperar da vida. O bigode do outro lhe trazia uma seriedade que parecia garantir a prontidão para o casamento. Talvez seja por isso que papai o tenha escolhido para ser meu marido. Numa tarde de domingo, quando os ventos frios prolongavam o sepultamento das cigarras, chegou e anunciou que eu me casaria com o f...

Não Permita que o Medo Vença

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Aquele que é cheio de medo não consegue amar completamente. Não consegue dar ao pobre. Benevolência não traz garantia de retorno. Não consegue sonhar loucamente. E se os sonhos titubeiam e caem do céu? Medo paralisa pessoas. Você está com medo? Tem medo de perder o emprego? Medo do que pessoas estão falando sobre você? Jesus trava uma guerra contra o medo. Em   Mateus 10:28   Ele diz, “Não temam aqueles que podem matar o corpo, mas não podem matar a alma.” Em João 14:27 Jesus diz, “Não se perturbem vossos corações e não tenham medo.” O alvo principal do medo é afastar você do plano de Deus para sua vida. Não permita que ele vença! Dê uma bofetada na cara do medo! Se alguma coisa deve ter medo, é o próprio medo. Fonte:  http://www.maxlucado.com.br/

Respeite minha memória

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Em um restaurante, uma filha mostrava impaciência com a mãe que repetia as histórias. A filha a interrompia, grosseiramente, dizendo: "Mãe, você já contou isso, você está muito esquecida, você não está bem. Que pena, mas você não está bem!".  A mãe, olhar ao longe, ficava em silêncio, parecia triste, mas voltava ao assunto. A filha a interrompia, começava uma história, falava do marido, falava mal do marido. A mãe tentava ajudar, dizendo que tivesse paciência, pois as pessoas eram diferentes. Falava vagarosamente. E a filha a interrompia, mais uma vez, dizendo: "Mãe, você está muito lenta, está sem cabeça, você não é mais a mesma. Que pena, mas você não está bem!" A mãe não retrucava. Calava-se, obediente. Voltava ao seu silêncio, como se buscasse, dentro de si, o conforto da própria companhia. Como aquela conversa me incomodou! Quantas vezes a filha disse para a mãe que ela estava sem cabeça, que não estava bem! Repetir histórias, todos nós fazemos, indep...

Compaixão e generosidade, da literatura para a vida

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Compaixão é ter a capacidade de se colocar no lugar do outro e de sentir a sua paixão, a sua dor. É compreender o estado emocional daquele que padece e, em outras palavras, enxergá-lo. A generosidade é a virtude de acrescentar algo ao outro, de partilhar, de deixar um pouco de si para preencher o que falta na outra pessoa. São complementares. Filhas do amor. Irmãs da bondade. A literatura é rica em personagens que nos desconcertam pelo onírico concerto de afinar o mundo. Um dos meus livros preferidos da literatura universal é "Os miseráveis", de Victor Hugo. Uma obra recheada do melhor fermento de sonhos e canções de vida em um mundo destroçado por guerras, autoritarismos e violência. A obra, composta de cinco volumes, foi publicada quando Victor Hugo tinha 60 anos, mas o fio da narrativa começa a germinar quando, aos 22 anos, o jovem escritor se incomoda com a situação dos prisioneiros da colônia penal de Toulon, de onde saíam os remadores para os trabalhos forçad...