Ele disse bom-dia

Parece estranho um simples dizer causar tanto movimento nos movimentos cotidianos. A ausência de polidez é um desperdício na arte do convívio. As pessoas não fazem parte da paisagem. Elas existem. Gostam de ser acolhidas. O que leva alguém a não retribuir um simples "bom-dia"? Superioridade? Timidez? Contenção de sentimentos?
Ao sair da academia, parei para conversar com os atendentes. Todos muito simpáticos, como já disse. Foi justamente quando o homem estava indo embora. Um atendente lhe disse, “Tenha um bom-dia". Ele não respondeu. Não olhou para trás. E saiu decidido a viver sem essas interferências desnecessárias. Um olhou para o outro e tentaram entender o que acontecera. "Será que ele não disse e nós pensamos ouvir? Será que ele ganhou na Mega-Sena e resolveu, então, dar bom-dia? Mas foi apenas um! Não, o ganhador da Mega- Sena desta semana é de Sorocaba. Certamente, essa não foi a razão". Estranhos comportamentos de quem convive com pessoas. Gestos de gentileza, mesmos os mais singelos, têm muito poder. O poder de nos sabermos frutos da mesma espécie. Da que precisa de afeto.
Por: Gabriel Chalita (fonte: Diário de S. Paulo) | Data: 30/01/2015
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