O poder que não temos

Recentemente, abracei uma amiga que perdeu seu filho, vítima de acidente de carro. Ouvi sua dor. Acolhi suas razões pelo sofrimento. Entre lágrimas, silêncios e algumas tantas palavras, ela me disse: "Queria ter o poder de morrer no lugar dele, queria ter o poder de trazê-lo de volta. Era jovem demais para morrer". Eu apenas a abracei e disse algo sobre o amor amado, sobre o tempo rico da convivência, sobre a partida. E fiquei refletindo sobre o que ela dissera. Quantas mães, se tivessem esse poder, trocariam a própria vida pela vida dos filhos? Quantos amantes fariam isso também? Quem ama, verdadeiramente, sofre com o sofrimento do amado. Mas não temos esse poder. Somos vulneráveis diante da brevidade da vida. Um acidente. Uma doença. Uma queda. E partimos. E quase sempre não temos sequer o tempo da despedida. Alguns, doentes há um tempo, conseguem fazê-lo. Ou não. A verdade é que, mais curta ou mais longa, a vida escapa de nossas mãos. Quem tem fé acredita em ...