A chave de nossas lembranças

Gosto de conversar com as pessoas. Gosto muito. Preocupo-me com um tempo em que pessoas gastam parte significativa da vida com máquinas e se esquecem do significado de “gastar tempo” com outras pessoas. Olhos fitos no celular. Mensagens. Redes sociais. Jogos. Avidez pelo mundo virtual. E quase nenhuma palavra com quem está ao lado. Gosto de conversar com as pessoas. Repito. E gosto de ouvir suas histórias. Momentos, partidas, encontros. Lágrimas de nossas dores. Paixão. Dores de um amor não correspondido. Cicatrização. E, de novo, a esperança. E, de novo, a dor. Temos a chave de nossas lembranças e o poder de revisitá-las. O tempo passa e permanece dentro de nós. Lembro-me de minha infância, de minha pequena cidade e das famílias sentadas na calçada em dias quentes. Não havia ar-condicionado, não havia internet, a televisão não ocupava nosso tempo. A violência não nos frequentava. Na praça, sempre havia música. Íamos à missa e, na saída, conversávamos sem pressa. Presente...