Sexta-feira da Paixão

Desde criança, sempre me impressionei com o sofrimento de Cristo nos episódios que antecederam sua morte. Pregaram na cruz o Pregador do Amor. Flagelaram o Homem que ensinou contra os flagelos impostos aos marginalizados do seu e de todos os tempos. Humilharam o Bem-aventurado que falou e viveu a humildade. Injustiças sempre causaram dor. Lembro-me das procissões em minha cidade natal, dos cantos tristes, das encenações da paixão. Caminhávamos em silêncio, até o alto da cidade, revivendo a Via Sacra e imaginando como era Gólgota, lugar em que a Cruz foi fincada e o Homem Bom, crucificado. Depois, na Igreja, lembro-me de toda aquela gente passando para ver o Jesus morto. Queriam tocar na imagem sofrida. As beatas, atentas, ralhavam quando alguém apanhava uma pétala do caixão do Mestre. Eu ficava triste. Enchia minha mãe e meu pai de perguntas. Eles sugeriam que eu perguntas...