Acordes de esperança
Há uma esperança sendo acordada nas terras do Irã. Um país que teve uma das civilizações mais sofisticadas do passado viveu e vive tempos em que a liberdade é como aquela flor do poema de Drummond. Aquela flor que nasceu na rua. Fala o poeta das cartas que não foram escritas nem recebidas. Fala dos homens que voltam para casa e do tédio que abate a cidade. Ausência de liberdade. Uma flor ainda desbotada ilude a polícia, rompe o asfalto. Façam completo silêncio, paralisem os negócios, garanto que uma flor nasceu. Sua cor não se percebe. Suas pétalas não se abrem. Seu nome não está nos livros. É feia. Mas é realmente uma flor. Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde e lentamente passo a mão nessa forma insegura. Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se. Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico. É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio. Na época em que Carlos Drummond de Andrade escreveu esse poema, o ...