25 novembro 2015

Frases: Amor é Prosa, Sexo é Poesia.

Uma das coisas que mais gosto de ler são Crônicas.  E entre  os colunistas que gosto de ler vou destacar Arnaldo Jabor. Muitos textos na internet, circulam e são muito compartilhados, mas nem todos são realmente escritos por ele. Sendo assim lá fui eu procurar algum livro do Arnaldo. Encontrei esse logo de cara: "Amor e Prosa Sexo e Poesia".



O titulo me fez lembrar do sucesso da Rita Lee. Amor e Sexo. (Trecho da música). Sexo é imaginação, fantasia Amor é prosa Sexo é poesia...
Logo do inicio do livro Arnaldo comenta que está música composta por Rita Lee a letra foi tirada, de um artigo que ele fez com o mesmo título.



 O livro de crônicas Amor é  Prosa, Sexo é Poesia. Tem crônicas com temas variados,  best-seller instantâneo. Tendo duas edições a primeira lançada em 2004 a segunda edição em 2009. As Crônicas questiona, com linguagem afiada e ácida, sobre, a futilidade, que nos rodeia, sobre a realidade, da política, no nosso pais e etc.  lendo as Crônicas, percebi que pouca coisa mudou no nosso país, por isso as crônicas do Arnaldo continuam atuais. 





Esses frêmitos de amor acontecem quando o “eu” cessa, por brevíssimos instantes, e
deixamos o outro ser o que é em sua total solidão. Vemos um gesto frágil, um cabelo molhado,
um rosto dormindo, e isso desperta em nós uma espécie de “compaixão” pelo nosso próprio
desamparo, entrevisto no outro.



O termômetro das mulheres é: “Estou sendo amada ou não? Esse bocejo, seu rosto
entediado... será que ele me ama ainda? A mulher não acredita em nosso amor. Quando tem
certeza dele, para de nos amar. A mulher precisa do homem impalpável, impossível.




As mulheres têm uma queda pelo canalha. O canalha é mais amado que o bonzinho. Ela
sofre com o canalha, mas isso a justifica e engrandece, pois ela tem uma missão amorosa:
quer que o homem a entenda, mas isso está fora de nosso alcance. A mulher pensa por
metáforas. O homem, por metonímias. Entenderam? Claro que não. Digo melhor, a mulher
compõe quadros mentais que se montam em um conjunto simbólico misterioso, como a arte. O
homem quer princípio, meio e fim. Não estou falando da mulher sociológica, nem
contemporânea, nem política. Falo de um sétimo órgão que todas têm, de um “ponto G “ da
alma.


A mulher é muito mais exilada das certezas da vida que o homem. Ela é mais profunda
que nós. Ela vive mais desamparada e, no entanto, mais segura. A vida e a morte saem de seu
ventre. Ela faz parte do grande mistério que nós vemos de fora.



Meu homem é antes de tudo um forte, mas um negador. Para ser feliz é necessário negar,
denegar, renegar problemas, esquecer as tristezas do mundo. Esta é a receita de felicidade:
não pensar em câncer, nem em angústia, nem na miséria do povo. Mas chega um dia em que o
herói se deprime, um dia em que a barriga cresce, o amargor torce-lhe os lábios e o homem
feliz percebe que também precisa de um ritual de encontro, algo semelhante à boa e “velha”
felicidade.



Existe amor com sexo, claro, mas nunca gozam juntos. Amor é propriedade. Sexo é posse.
Amor é a casa; sexo é invasão de domicílio. Amor é o sonho por um romântico latifúndio; já o
sexo é o MST. O amor é mais narcisista, mesmo quando fala em “doação”.



As paixões passaram a durar o tempo entre duas reportagens de Caras. O amor é um
pretexto para a orgia de troca-trocas narcisistas. O casamento virou um arcaísmo careta. O
sexo, uma competição de eficiência. Onde está a sutileza calma dos erotismos delicados?
Onde, o refinamento poético do êxtase? Nada. No sexo, o desejo é virar máquina e atingir o
desempenho perfeito, o orgasmo definitivo.


  
O homem de hoje tem uma ridícula “liberdade” para nada, para comer
sanduíche em lanchonete e acreditar em mentiras.



Há o ladrão extensivo e o intensivo. O primeiro é aquele que vai roubando ao longo da
vida política e, o fim de 30 anos, já tem Renoirs, lanchões, helicópteros, esposas infelizes e
adquire uma respeitabilidade por seu roubo difuso, ganha uma espécie de título de barão ou
conde e que, depois, pode se limpar nas artes ou na filantropia.


 A bunda hoje no Brasil é um ativo. Centenas, milhares de moças bonitas usam-na como
um emprego informal, um instrumento de ascensão social. A globalização da economia está
nos deixando sem calças. Sobrou-nos a bunda... nosso único capital.



...a pessoa delas não tem mais um corpo; o corpo é que tem uma pessoa, frágil, tênue,
morando dentro dele.



Mas o fundo e inexplicável amor acontece quando você “cessa”, por brevíssimos
instantes. A possessividade cessa e, por segundos, ela fica compassiva. Deixamos o amado
ser o que é, e o outro é contemplado em sua total solidão. Vemos um gesto frágil, um cabelo
molhado, um rosto dormindo, e isso desperta em nós uma espécie de “compaixão” pelo nosso
desamparo.



Esperamos do amor essa sensação de eternidade. Queremos nos enganar e achar que
haverá juventude para sempre, queremos que haja sentido para a vida, que o mistério da
“falha” humana se revele, queremos esquecer, melhor, queremos “não saber” que vamos
morrer, como só os animais não sabem. O amor é uma ilusão sem a qual não podemos viver.
Como os relâmpagos, o amor nos liga entre a Terra e o Céu.


“Nunca mais vou ser fraco de alma, inclusive porque eu estou fazendo musculação por
dentro do corpo; por fora, eu já estou com uma potência de soco de um Volks a 80 quilômetros
por hora, mas, por dentro, meus músculos da alma estão cada vez mais duros, meu coração
mais seco, único caminho para o sucesso, como nos ensina a cara dos políticos na TV. Esta é
a receita do sucesso: coração duro, nem um pisco, nem um tremor de mão, nem um olho
aguado, nada. Eu quero mesmo é ser de pedra, aliás, eu quero ser uma ‘coisa’, eu queria ser
uma ‘12’ de cano serrado ou uma espada de samurai.



Nós sempre tentamos domar o destino, os imprevistos, a insegurança da vida.


Felicidade é uma lista de negativas. Não ter câncer, não ler jornal, não olhar os meninos
miseráveis no sinal, não ver cadáveres na TV, não ter coração. O mundo está tão sujo e
terrível que a felicidade é se transformar num clone de si mesmo, num androide sem
sentimentos, sem esperança, sem futuro, só vivendo um presente longo, como uma rave sem
fim. Pedem-me previsões para o ano que vem. Tudo pode acontecer.



Por Bia Oliveira  


Sobre o Autor:




Arnaldo Jabor

Formado no ambiente do Cinema Novo, participou da segunda fase do movimento, que buscava analisar a realidade nacional, inspirando-se no neo-realismo italiano e na nouvelle vague francesa. Seu primeiro longa metragem foi o inovador documentário Opinião Pública (1967), uma espécie de mosaico sobre como o brasileiro olha sua própria realidade.


Abordando os mais variados temas (cinema, artes, sexualidade, política nacional e internacional, economia, amor, filosofia, preconceito), suas intervenções "apimentadas" na televisão e em suas colunas lhe renderam admiradores e muitos críticos.

Ficou em primeiro lugar no Trending Topics Brasil ao escrever uma coluna sobre o Twitter. Coluna de O Tempo.

Fonte: Skoob

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