O Papa e a defesa da vida
O Papa Francisco fez um contundente apelo em defesa da vida. Falou sobre o aborto, o "horror das crianças que nunca poderão ver a luz". O aborto é um ato criminoso. E de covardia a um ser, em gestação, que, frágil, não tem direito a defesa.
O aborto é um "descarte de ser humano". Assim como é o tráfico humano, pessoas que vendem pessoas, órgãos comercializados como se algumas vidas tivessem mais importância que outras.
Lembrou o Papa, também, o descarte dos idosos. Usou um conceito de Thomas More. Os idosos e os jovens precisam conviver. "Os idosos trazem a sabedoria, enquanto os jovens nos abrem ao futuro, impedindo de nos fecharmos em nós mesmos".
Descartar pessoas é desvalorizar a vida. "Jogar fora" uma criança em gestação é tão grave quanto jogar fora um idoso ou um doente. É triste ver idosos abandonados pela própria família. Pais que criaram filhos, que estiveram presentes na chegada dos netos e, de repente, viraram um incômodo. Então, a sociedade do descartável arruma um asilo e, vez ou outra, para aliviar o peso da consciência, faz uma visita.
Triste sociedade que não cultiva o amor nem na família. Tantas histórias, que poderiam se enlaçar para fortalecer a vida e dignificar os encontros necessários da convivência, descartadas por falta de tempo ou de vontade ou de amor.
Não nos cabe julgar as escolhas, mas, sim, fazer esta reflexão iluminados pelo Papa. Por que descartamos pessoas? Infelizmente, é mais fácil descartar mãe, pai ou avós do que um carro ou um apartamento. Ouvi de uma senhora que, para a mãe morar com ela, era preciso mudar de apartamento. O dela já estava todo montado. Um quarto se transformara em escritório; o outro, em sala de TV. Logo, não cabia a mãe. Então, o melhor a fazer era descartá-la. Evidentemente, ela usou outras palavras: ”a mãe ficaria mais feliz, pois teria o canto dela”. Ora, perdoem-me, mas mãe não foi feita para ser jogada em um canto.
Eis o canto da ingratidão. De quem não consegue cultivar o passado para dele se alimentar, de quem não permite perdoar os erros e prosseguir juntos. Pais erraram, certamente. Filhos, também. Somos todos errantes caminhando pela vida. Talvez uma das razões da doença dos nossos tempos, a depressão, seja a ausência de laços significativos. Quem descarta não cultiva. Quem não cultiva não dignifica a própria vida. Mais uma vez, o Papa, com simplicidade e sabedoria, nos ensina.
Por Gabriel Chalita (fonte: Diário de S. Paulo) | Data: 17/1/2014
Imagem ilustrativa tirada da internet
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