E a guerra continua

É inexplicável o que está acontecendo na faixa da Gaza. Inexplicável! Toda justificativa dada só mostra uma coisa: o fracasso das relações humanas. As cenas das crianças mortas são horrendas. Com elas, morre o futuro, a esperança, a possibilidade de um novo tempo. Tempo difícil este. As crianças que não morrem são ensinadas a odiar. Odeiam quem não conhecem. Odeiam por fazerem parte de outro povo, de outra religião, de uma gente que mata a sua gente.
A faixa de Gaza é uma estreita faixa de terra localizada no Oriente Médio, fronteira com Egito e Israel. Grande parte de sua população é formada por palestinos que ali se refugiaram após a guerra árabe-israelense de 1948. Quantas tentativas de paz, quantos tratados assinados, quanta oração – aliás, os que matam se dizem religiosos. E colocam Deus para justificar essas atrocidades. Religião é religação, o que fazem é um desligamento. Por trás do discurso religioso, há outros interesses. Interesses econômicos são legítimos, desde que obedeçam minimamente à ética das relações humanas. Quando lemos sobre atrocidades cometidas em tantos momentos da história, perguntamos: como tratavam a mulher dessa maneira? Como faziam isso com os negros? E com os índios? Quanta crueldade naquelas arenas de violência. O triste é que parece que não evoluímos. O que estamos assistindo é tão feio, tão perverso, tão medonho como naquele tempo em que se jogavam cristãos nas arenas para serem comidos por animais. Os animais estavam famintos, por isso atacavam.
Que fome têm os animais racionais de hoje? Que valor orienta suas ações? É de causar tristeza e indignação. Falo das crianças sem futuro, mas também da horrível cena de mulheres e homens com vidas findadas pelo ódio e pela ganância de alguns líderes. Líderes? Líderes verdadeiros não agem assim. O nosso poder é apenas o da indignação, o da tristeza, o da oração. Que Deus, tão usado por aqueles que odeiam, nos inspire a amar. É essa a nossa redenção.
Por: Gabriel Chalita (fonte: Diário de S. Paulo) | Data: 01/08/2014

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