Tempo de delicadeza x Tempo de horror

De tempos em tempos, surgem pesquisas mostrando dados alarmantes sobre a violência contra a mulher. E, de tempos em tempos, crio a expectativa de que o tempo da delicadeza vença o tempo do horror, da covardia, mas não é isso o que vem ocorrendo. Infelizmente.
Dados recentes da ONU mostram que uma a cada três mulheres no mundo já sofreu violência física ou sexual. Mais de 100 milhões de mulheres e meninas sofreram mutilação genital. No Brasil, segundo dados da Secretaria de Políticas para as Mulheres, a cada 12 segundos, uma mulher sofre violência sexual. Há outro dado, também assustador, que aponta que mais de 70% das agressões contra a mulher ocorrem no domicílio da vítima: pelos pais, irmãos, tios, padrastos etc. Não raro, os abusos desses homens são de conhecimento até mesmo de outra mulher da família que, por medo ou por vergonha, encobre o agressor. Muitos desses homens violentos justificam sua ação perversa e covarde como ato de amor. Amor? Quem ama respeita. Quem ama cuida. 
Quem decide partilhar a vida com alguém precisa compreender que momentos de instabilidade surgirão, mas que não serão resolvidos pela violência. Somos seres inteligentes, capazes de dialogar, aptos a compreender as nossas diferenças. É preciso acabar com essa história de maldade, de dor, de desrespeito. E as mulheres também têm um papel fundamental nessa batalha. Tolerar qualquer gesto de violência, por menor que ele pareça ser, é abrir as portas para agressões mais sérias. Brincadeiras em que o outro se torna o brinquedo não devem frequentar o convívio humano. É bom ver ONGs se mobilizando, a mídia alertando, a sociedade compreendendo e agindo.
Toda atitude machista é vergonhosa. Uma atitude violenta, além de criminosa, é horrenda. Mostremos a nossa melhor face. A face dos que caminham de mãos dadas, sem tempo nem disposição para atirar pedras.
Por: Gabriel Chalita (fonte: Diário de S. Paulo) | Data: 28/11/2014

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