RESPOSTAS: ENTREVISTE PEDRO GABRIEL

Gostei muito desta entrevista do Pedro Gabriel. É muito bom ver um brasileiro (por parte de mãe) fazer sucesso, como escritor, no nosso país. Valorizar o que é nosso, é o que faz  a diferença. 



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Selecionamos dez perguntas sobre o trabalho e as inspirações de Pedro Gabriel, autor de Eu me chamo Antônio e Segundo — Eu me chamo Antônio. Confira abaixo as respostas do autor.
João Vitor (Facebook) Em outra entrevista, você contou que uma de suas influências é o Paulo Leminski. Sabemos que Leminski transitou pela poesia, Haicai, composições de música, romance e até “quadrinhos”. Você se vê trabalhando com outras linguagens também? Tem algum outro projeto em vista que não os versos de guardanapo?
Sim. Os meus guardanapos acabaram por aparecer mais do que as minhas outras manifestações artísticas, mas eu sempre escrevi prosa, sempre gostei de desenhar. Tenho algumas músicas guardadas também. Mas, no momento, estou me dedicando mais à divulgação dos meus dois livros e na criação de novos guardanapos. Esse ano quero começar a projetar algumas exposições para que as pessoas possam ver os guardanapos originais e ver que tudo ali foi feito à mão, com todo cuidado. Para o início do ano que vem, tenho a ideia de transformar alguns guardanapos em pequenas animações de 30 segundos para um canal no YouTube. Estou conversando com uma produtora, mas ainda é um projeto embrionário.Eu tenho muita vontade de dividir mais coisas com o mundo, acredito que a sensibilidade pode se desdobrar em incontáveis plataformas. Basta ser sincero com aquilo que você acredita.

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Karin Carvalho (Facebook) Se pudesse criar uma linha do seu tempo em imagens e escolher um guardanapo para cada etapa da sua vida, quais você escolheria (infância, descobrimento da adolescência, primeiro amor, ingresso no mundo da poesia, primeira grande decepção e fase atual)? Qual outro acontecimento marcante você incluiria?
Infância: Infância é o que lembro quando esqueço de envelhecer.
Descobrimento da adolescência: Sem mais nem menos, eu divido com o mundo o que quero multiplicar.
Primeiro amor: Primeiro, o encanto. Depois, o desencanto. Por fim, cada um pro seu canto.
Ingresso no mundo da poesia: O poeta é um tremendo filho da lua.
Primeira grande decepção: Alguns amores duram mais porque são menos duros.
Fase atual: Respira fundo. Pela frente, ainda tem muito mundo.
Rosianne Couto (Facebook) Pedro, o guardanapo é usado, geralmente, em cantadas, na pré-conquista. Usar seus poemas “à la pé na bunda” foi uma estratégia para chamar a atenção dos leitores?
Muitos usam o guardanapo para anotar ideias imediatas, esboçar canções ou até mesmo para conquistar alguém. No meu caso, eu uso essa plataforma para exteriorizar o que eu sinto. Não acho que sejam “poemas à la pé na bunda” (risos). Mas essa interpretação depende muito mais do leitor ou da leitora do que de mim. O que posso dizer é que os meus guardanapos são reflexos conscientes ou inconscientes de situações que vivenciei. Eles falam de amor no sentido mais amplo (amor à infância, por exemplo), de liberdade, de saudade. Não teve estratégia alguma. Tudo o que faço nasce de forma espontânea. Sempre segui o coração.
Letícia Caroline (Facebook) Você pretende ou já pensou na criação de uma personagem feminina que poderia até mesmo responder as ~indiretas~ do Antônio?
Criar uma personagem feminina só para responder ao Antônio não está nos meus planos. Não seria sincero da minha parte. Eu estaria simplesmente me aproveitando do sucesso do conceito que criei para ter certa vantagem. Mas, por outro lado, criar uma personagem feminina para um projeto novo, começando do zero, seria um desafio e tanto para mim. Esse caminho me parece mais interessante. Por enquanto, ainda tenho que resolver todas as inquietações do Antônio (risos).
Elaine Stanquewicz (Facebook) Pedro, eu já vi algumas perguntas sobre quais eram os poetas que o inspiravam. Contudo, quero saber se existe algum autor/poeta, vivo ou morto, que você gostaria que lesse e opinasse sobre a sua poesia? Se a resposta for sim, qual autor ou poeta seria?
Olha, fui pego de surpresa. Nunca tinha parado para pensar sobre isso. Vamos lá… Vou escolher um autor vivo e um autor que já nos deixou para responder sua pergunta de forma mais completa. Dos vivos, eu amaria ter uma opinião do Arnaldo Antunes. Dos mortos (se é que podemos em falar de poetas mortos – acredito que todos são imortais), eu citaria o Paulo Leminski.
Andre Cefalia (Facebook) As poesias dos seus livros são escritas em um bar, entre um chope e outro. No dia seguinte, rola um arrependimento de ter exposto seus amores e desamores? Como Antônio combate a ressaca? (Espero que seja com mais poesia. hahah)
Eu sempre saio do meu processo criativo com uma baita ressaca de poesia (risos). Acho importante dizer que o meu escritório de trabalho é, de fato, um balcão de bar, mas o meu material de trabalho é a sensibilidade, a simplicidade do cotidiano. Para traduzir tudo isso em poesia é preciso estar sóbrio. Quem expõe sentimentos sinceros não pode se arrepender. Meu arrependimento maior seria não sentir.
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Caroline Menezes (Facebook) Existe uma técnica para a criação dos seus desenhos — que mesmo simples, encantam — ou eles são fruto apenas do seu talento e imaginação fértil?
A técnica é a paciência e a sensibilidade. Saber dosar o que você sente com o seu desejo de representar em imagem ou palavra aquilo que você sente. É preciso ter paciência para desenhar num papel tão frágil, que pode rasgar a qualquer momento. É preciso ter sensibilidade para interpretar o mundo e colocá-lo naquele espaço limitado pelas dimensões do guardanapo (geralmente 9x13cm) e ilimitado pela alma de quem cria.
Carlos Eduardo Rotta (Facebook) “Todo artista tem um ar triste”. Por que você acha que todos que se relacionam diretamente com arte conseguem sentir a nostalgia, a tristeza e a melancolia com mais facilidade?
Acredito que a arte sirva para trazer de volta algo que parte. Pode ser um amor, um cão, um momento. Eu acho impossível criar sem sentir. E a gente só sente o que vive ou vivenciou de fato. Acho que quando a gente está muito feliz, a gente quer dividir essa felicidade com os que nos cercam. Quando a gente está um pouco mais triste, a gente compartilha essa fina melancolia com a arte. Mas isso não quer dizer que o artista só crie em momentos de infelicidade. O artista cria em momentos de incômodo. Acontece que, muitas vezes, esse incômodo é fruto de uma nostalgia.
@mitgrega (Instagram) Você tem todos os guardanapos guardados? Inclusive o primeiro? Quando talvez nem soubesse que iria publicá-los um dia? O que diz esse primeiro?
Sim. Guardo todos, desde o início. Hoje, tenho mais de 2.000 criações. O primeiro é um dos mais compartilhados nas minhas redes sociais até hoje e diz assim: “Primeiro, o encanto. Depois, o desencanto. Por fim, cada um pro seu canto”. É uma espécie de ciranda das relações modernas.
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@nathalha_moreira  (Instagram) Suíço por parte de pai, brasileiro por parte de mãe e nascido na África. Essa mistura de culturas tem alguma relação com seu trabalho ou até mesmo é uma interferência positiva no que você cria?
Sem dúvida. Nós somos a nossa história. Eu tenho certeza que a minha poesia tem a beleza e a neutralidade da Suíça, a criatividade e o carisma do Brasil e a melancolia esperançosa da África. Sou tudo o que vivo.

Fonte :  http://www.intrinseca.com.br/blog/2015/05/respostas-entreviste-pedro-gabriel/

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