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Livro de Fábio de Melo vira filme com Caco Ciocler e Johnny Massaro

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Caco Ciocler e Johnny Massaro estrelarão, no cinema, a adaptação do livro “Tempo de esperas”, do padre Fábio de Melo. Lançado pela Editora Planeta há três anos, é um romance epistolar em que um professor e um jovem estudante ambicioso debatem temas variados.  FONTE: http://kogut.oglobo.globo.com/

O amor

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Então, Almitra disse: 'Fala-nos do amor' E ele ergueu a fronte e olhou para multidão, e um silêncio caiu sobre todos,   e com uma voz forte, disse: 'Quando o amor vos chamar, segui-o, Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados; E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe, Embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos; E quando ele vos falar, acreditai nele, Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos como o vento devasta o jardim. Pois, da mesma forma que o amor vos coroa, assim ele vos crucifica. E da mesma forma que contribui para vosso crescimento, trabalha para vossa poda. E da mesma forma que alcança vossa altura e acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol, Assim também desce até vossas raízes e as sacode no seu apego à terra. Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração. Ele vos debulha para expor vossa nudez. Ele vos peneira para libertar-vos das palhas. Ele vos mói até a extrema brancura. ...

Amar é um ato de coragem

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Por que alguém quer ser pai ou mãe? Por que alguém resolve constituir uma família? Filhos dão trabalho. E são para a vida toda. Cada fase, um desafio. No início, o choro que desperta. Depois, os riscos de um ambiente novo. Depois, a rebeldia adolescente. Depois, os encantos e desatinos da juventude. E o “depois” nunca se acaba. É preciso coragem. Amar é um ato de coragem. Filhos são frutos de um amor que alimenta a vida. Tudo muda quando chegam. Os sentimentos deslocam-se. Mãe. Pai. O amor gerou vida e a vida ganhou novo significado. Noticiou-se que um casal australiano contratou uma "barriga de aluguel" de uma tailandesa. Dois filhos foram gerados. Quando souberam que um dos gêmeos tinha síndrome de Down, resolveram ficar apenas com o "perfeito". Triste história. Filhos não são perfeitos. Nem pais. Tive um irmão com Down. Sua autenticidade, leveza, o cantar constante, o sorriso alimentaram nossa família de um amor puro. Junior aqueceu nossas vidas. A mãe tail...

Fernando Pessoa: Prece

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Senhor, que és o céu e a terra, que és a vida e a morte! O sol és tu e a lua és tu e o vento és tu! Tu és os nossos corpos e as nossas almas e o nosso amor és tu também. Onde nada está tu habitas e onde tudo está - (o teu templo) - eis o teu corpo. Dá-me alma para te servir e alma para te amar. Dá-me vista para te ver sempre no céu e na terra, ouvidos para te ouvir no vento e no mar, e mãos para trabalhar em teu nome. Torna-me puro como a água e alto como o céu. Que não haja lama nas estradas dos meus pensamentos nem folhas mortas nas lagoas dos meus propósitos. Fazer com que eu saiba amar os outros como irmãos e servir-te como a um pai. [...] Minha vida seja digna da tua presença. Meu corpo seja digno da terra, tua cama. Minha alma possa aparecer diante de ti como um filho que volta ao lar. Torna-me grande como o Sol, para que eu te possa adorar em mim; e torna-me puro como a lua, para que eu te possa rezar em mim; e torna-me claro como o dia para que eu te possa ver sempre em ...

E a guerra continua

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É inexplicável o que está acontecendo na faixa da Gaza. Inexplicável! Toda justificativa dada só mostra uma coisa: o fracasso das relações humanas. As cenas das crianças mortas são horrendas. Com elas, morre o futuro, a esperança, a possibilidade de um novo tempo. Tempo difícil este. As crianças que não morrem são ensinadas a odiar. Odeiam quem não conhecem. Odeiam por fazerem parte de outro povo, de outra religião, de uma gente que mata a sua gente. A faixa de Gaza é uma estreita faixa de terra localizada no Oriente Médio, fronteira com Egito e Israel. Grande parte de sua população é formada por palestinos que ali se refugiaram após a guerra árabe-israelense de 1948. Quantas tentativas de paz, quantos tratados assinados, quanta oração – aliás, os que matam se dizem religiosos. E colocam Deus para justificar essas atrocidades. Religião é religação, o que fazem é um desligamento. Por trás do discurso religioso, há outros interesses. Interesses econômicos são legítimos, desde que...

Shakespeare, Juca, Lear

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Que Shakespeare é um genial leitor da alma humana, capaz de transformar em textos intrigas, dramas – vícios e virtudes do ser humano –, ninguém duvida. Que Juca de Oliveira é um mestre dos palcos e das telas, um ator que se reinventa a cada personagem para cumprir o compromisso com a essência de sua vida – ser operário da arte – é mais do que sabido. E Lear, o Rei? Texto desafiador. Parece que foi escrito ontem. Trata de temas que nos incomodam hoje. Uma luta em que os vícios da vaidade, da ingratidão, do egoísmo parecem suplantar a virtude da sabedoria. Mas talvez o intento de Shakespeare seja exatamente o oposto. Mostrar o quanto erramos quando "envelhecemos sem ficarmos sábios". O Rei comunica às três filhas que quer se aposentar. E que vai dividir o poderoso reino entre elas; para isso, quer ouvir as melhores declarações de reconhecimento de sua grandeza. Quer alimentar sua vaidade. Duas filhas fazem o jogo do pai e o engordam de elogios. A mais nova, a sincera, a...

A pipoca

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Rubem Alves A culinária me fascina. De vez em quando eu até me até atrevo a cozinhar. Mas o fato é que sou mais competente com as palavras do que com as panelas. Por isso tenho mais escrito sobre comidas que cozinhado. Dedico-me a algo que poderia ter o nome de "culinária literária". Já escrevi sobre as mais variadas entidades do mundo da cozinha: cebolas, ora-pro-nobis, picadinho de carne com tomate feijão e arroz, bacalhoada, suflês, sopas, churrascos. Cheguei mesmo a dedicar metade de um livro poético-filosófico a uma meditação sobre o filme A Festa de Babette que é uma celebração da comida como ritual de feitiçaria. Sabedor das minhas limitações e competências, nunca escrevi como chef. Escrevi como filósofo, poeta, psicanalista e teólogo — porque a culinária estimula todas essas funções do pensamento. As comidas, para mim, são entidades oníricas. Provocam a minha capacidade de sonhar. Nunca imaginei, entretanto, que chegaria um dia em que a pipoca iria me faz...