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50 anos celebrando o Amor

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Monsenhor Jonas Abib está celebrando 50 anos de ordenação sacerdotal. Nascido em Elias Fausto, o menino que, em São Paulo, estudou com os Salesianos no Liceu Coração de Jesus teve em seu coração o ardente desejo de servir a Deus cuidando dos jovens. Enfrentou doenças, dificuldades, pedras tantas que lhe roubaram lágrimas, mas nunca a fé. A fé guiou seus passos para criar uma pequena comunidade que se tornou gigante e está presente em diversos países no mundo todo. A Canção Nova surgiu de um sonho do Padre Jonas de "formar homens novos para um mundo novo". Homens e mulheres que soubessem encontrar um sentido para viver. Homens e mulheres que experimentassem a real felicidade de viver o cristianismo. Começou pregando em retiro de jovens. Revolucionário, usava o violão em suas celebrações. Compunha lindas canções que tocavam a alma e apresentavam um Deus capaz de nos surpreender, de nos alimentar de esperança e de fazer pr...

A educação de todo dia

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Um carro passa com a janela aberta. Alguém joga algo na rua. Fato do cotidiano. Fato feio do cotidiano. Não importa se o carro é de luxo ou não. Se seus ocupantes têm mais ou menos dinheiro, se têm formação universitária ou não. O que chama a atenção é a ausência de cidadania. É o descuido com o espaço público. É o desrespeito ao outro. Quantas vezes, ao dar a última aula, pedi aos alunos que olhassem ao seu redor. Eram papéis espalhados pelo chão, restos de lápis, papéis de bala, entre outras coisas. Pedia-lhes que pensassem no pessoal da faxina vendo aquela sujeira. Seria correto deixar para o outro o dever de cada um de nós de jogar o próprio lixo no lixo? E, então, juntos, recolhíamos tudo. O resultado era surpreendente. Nas aulas seguintes, não se via mais sujeira pelo chão. Acredito na educação que provoca reflexão e transforma atitudes. Quando nos preocupamos em ensinar as teorias matemáticas ou geográficas, estamos certos. Ou teorias de química e física. Ou o apuro para a...

Escola não tem o poder de substituir educação que vem de casa

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Fico feliz ao ver quanta gente de diferentes áreas escreve e opina sobre educação. Há um movimento da sociedade, muito positivo, que acredita ser a educação a garantidora de melhores tempos para nosso país. Todos os temas da vida humana passam pela educação. A ética depende da educação. É preciso ensinar a honestidade. O fim dos preconceitos também carece de uma educação capaz de entranhar (termo aristotélico) as mais belas verdades sobre o respeito e a convivência plural. As tantas competências exigidas por um mercado cada vez mais competitivo dependem de uma educação de qualidade. O bem escrever, o bem falar, o bem realizar conexões desenvolvendo autonomia e senso crítico também dependem da educação. Evidentemente, a educação não é um processo que se esgota em sala de aula. Tudo educa. E tudo pode deseducar. Por isso, é preciso formar a capacidade reflexiva para discernir entre o correto e o errado. Nossa vida é determinada por escolhas. Saber escolher também depende da...

O amor em qualquer idade

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Está em cartaz nos cinemas brasileiros um filme delicado, bem dirigido e com uma temática atualíssima: o amor. O amor na maturidade. O amor capaz de tudo para surpreender e alimentar os sonhos de uma vida inteira.   Elsa e Fred. Elsa, interpretada por Shirley MacLaine, é uma mulher romântica que mistura ficção com realidade (é mais elegante dizer assim do que falar que, não poucas vezes, ela mente) e que sonha em recriar a clássica cena de "A Doce Vida", de Frederico Fellini, na Fontana di Trevi. É mãe protetora. É mulher apaixonada. Entrega-se à vida e aos seus encantamentos. Fred, interpretado por Christopher Plummer, é um homem ainda de luto pela recente viuvez. Pacato. Hipocondríaco. Para Elsa, cada dia, é uma oportunidade de viver. Para ele, é só mais um dia. Essa história de amor começa com a mudança de Fred, a contragosto, para um apartamento arranjado pela filha que gostaria de tomar conta do pai. Estão os dois no mesmo prédio, Elsa e Fred. E, depois de um ...

Tempo de delicadeza x Tempo de horror

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De tempos em tempos, surgem pesquisas mostrando dados alarmantes sobre a violência contra a mulher. E, de tempos em tempos, crio a expectativa de que o tempo da delicadeza vença o tempo do horror, da covardia, mas não é isso o que vem ocorrendo. Infelizmente. Dados recentes da ONU mostram que uma a cada três mulheres no mundo já sofreu violência física ou sexual. Mais de 100 milhões de mulheres e meninas sofreram mutilação genital. No Brasil, segundo dados da Secretaria de Políticas para as Mulheres, a cada 12 segundos, uma mulher sofre violência sexual. Há outro dado, também assustador, que aponta que mais de 70% das agressões contra a mulher ocorrem no domicílio da vítima: pelos pais, irmãos, tios, padrastos etc. Não raro, os abusos desses homens são de conhecimento até mesmo de outra mulher da família que, por medo ou por vergonha, encobre o agressor. Muitos desses homens violentos justificam sua ação perversa e covarde como ato de amor. Amor? Quem ama respeita. Quem ama cuida...

Resenha: A menina que roubava livros

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A Menina que Roubava Livros Markus Zusak ISBN-13:  9788598078373 ISBN-10:  8598078379 Ano: 2014 / Páginas: 478 Idioma: português  Editora:  Intrínseca  A trajetória de Liesel Meminger é contada por uma narradora mórbida, porém surpreendentemente simpática. Ao perceber que a pequena ladra de livros lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. Traços de uma sobrevivente - a mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los em troca de dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. Essa obra, que ela ainda não sabe ler, é seu único vínculo com a família. Assombrada por pesadelos, ela compensa o medo e a solidão das noites com a cumplicidade do pai adotivo, um pintor de parede bonachão que a ens...

O último voo do poeta

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Nosso poeta Manoel de Barros voou. Estamos comovidos, em silêncio, buscando ouvir o último ruflar de suas asas. Nosso poeta desejou tanto usar “palavras de ave para escrever”; mas cometeu muito mais do que isso: suas palavras se fizeram asas para além do voo. E permanecem no ar, ora soltas, ora em frases, desafiando-nos a capturá-las. O poeta, que nasceu menino, partiu menino. Fez de sua maturidade a sua segunda infância; uma vida em poesia. Fez de sua arte um brinquedo. Despojado de regras e convenções, descontruiu a linguagem, poetizou a natureza e o mundo, vestiu de singeleza as palavras. Fez da vida sua arte de simplicidade. Dizia que sua poesia era difícil de ser compreendida, embora fosse feita com palavras simples. Muitos não entendiam essa declaração. Mas é preciso fazer-se criança para compreender. Admirar-se. Encantar-se. Desinventar-se.   Manoel de Barros nasceu às margens de um rio, cresceu menino do mato e amigo do silêncio. A palavra sempre foi seu jogo predile...