Postagens

A primavera (1° Parte)

Imagem
Eles eram dois. O mais velho era também o mais robusto, o mais vistoso, o mais alto, trajava roupas de acabamento fino, pisava o chão com sapatos visivelmente caros e demonstrava intimidade com as palavras. O mais novo era também o mais tímido. O corte do terno não merecia atenção. Nele, um mínimo de palavras. O olhar baixo, quase sem expressão. As mãos no desajeito, mãos sem pertences, sem futuro feliz e as pernas num balanço descompassado, denunciando que não gostariam  de ter chegado.O sapato era sem nem um atrativo estático. Um sapato feito para durar e só. O mais velho tinha bigodes. O mais novo não. A cara limpa lhe conferia um jeito de rapaz que ainda não sabia o que esperar da vida. O bigode do outro lhe trazia uma seriedade que parecia garantir a prontidão para o casamento. Talvez seja por isso que papai o tenha escolhido para ser meu marido. Numa tarde de domingo, quando os ventos frios prolongavam o sepultamento das cigarras, chegou e anunciou que eu me casaria com o f...

Não Permita que o Medo Vença

Imagem
Aquele que é cheio de medo não consegue amar completamente. Não consegue dar ao pobre. Benevolência não traz garantia de retorno. Não consegue sonhar loucamente. E se os sonhos titubeiam e caem do céu? Medo paralisa pessoas. Você está com medo? Tem medo de perder o emprego? Medo do que pessoas estão falando sobre você? Jesus trava uma guerra contra o medo. Em   Mateus 10:28   Ele diz, “Não temam aqueles que podem matar o corpo, mas não podem matar a alma.” Em João 14:27 Jesus diz, “Não se perturbem vossos corações e não tenham medo.” O alvo principal do medo é afastar você do plano de Deus para sua vida. Não permita que ele vença! Dê uma bofetada na cara do medo! Se alguma coisa deve ter medo, é o próprio medo. Fonte:  http://www.maxlucado.com.br/

Respeite minha memória

Imagem
Em um restaurante, uma filha mostrava impaciência com a mãe que repetia as histórias. A filha a interrompia, grosseiramente, dizendo: "Mãe, você já contou isso, você está muito esquecida, você não está bem. Que pena, mas você não está bem!".  A mãe, olhar ao longe, ficava em silêncio, parecia triste, mas voltava ao assunto. A filha a interrompia, começava uma história, falava do marido, falava mal do marido. A mãe tentava ajudar, dizendo que tivesse paciência, pois as pessoas eram diferentes. Falava vagarosamente. E a filha a interrompia, mais uma vez, dizendo: "Mãe, você está muito lenta, está sem cabeça, você não é mais a mesma. Que pena, mas você não está bem!" A mãe não retrucava. Calava-se, obediente. Voltava ao seu silêncio, como se buscasse, dentro de si, o conforto da própria companhia. Como aquela conversa me incomodou! Quantas vezes a filha disse para a mãe que ela estava sem cabeça, que não estava bem! Repetir histórias, todos nós fazemos, indep...

Compaixão e generosidade, da literatura para a vida

Imagem
Compaixão é ter a capacidade de se colocar no lugar do outro e de sentir a sua paixão, a sua dor. É compreender o estado emocional daquele que padece e, em outras palavras, enxergá-lo. A generosidade é a virtude de acrescentar algo ao outro, de partilhar, de deixar um pouco de si para preencher o que falta na outra pessoa. São complementares. Filhas do amor. Irmãs da bondade. A literatura é rica em personagens que nos desconcertam pelo onírico concerto de afinar o mundo. Um dos meus livros preferidos da literatura universal é "Os miseráveis", de Victor Hugo. Uma obra recheada do melhor fermento de sonhos e canções de vida em um mundo destroçado por guerras, autoritarismos e violência. A obra, composta de cinco volumes, foi publicada quando Victor Hugo tinha 60 anos, mas o fio da narrativa começa a germinar quando, aos 22 anos, o jovem escritor se incomoda com a situação dos prisioneiros da colônia penal de Toulon, de onde saíam os remadores para os trabalhos forçad...

O primeiro amor

Imagem
Há livros, à exaustão, que falam do primeiro amor e que nos enveredam pelos mais auspiciosos sentimentos do romantismo. Há canções de amor para todos os gostos. Canções que nos ajudam a atar os olhares e as promessas de amanhãs. Há canções e poemas de recomeços, desabafos exagerados de vida que segue sem as amarras de um amor que findou ou que nem chegou a existir. Embalava o amor em versos, Drummond, nosso poeta: “Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? amar e esquecer, amar e malamar, amar, desamar, amar? sempre, e até de olhos vidrados, amar?” (...) “Este o nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas, doação ilimitada a uma completa ingratidão, e na concha vazia do amor a procura medrosa, paciente, de mais e mais amor.” O primeiro amor não se trata apenas de Eros, o deus brincalhão que nos fere com sua flecha e nos impede o raciocínio. Paixão que nos embriaga de necessidades, de reciprocidades, de dizeres que n...

50 anos celebrando o Amor

Imagem
Monsenhor Jonas Abib está celebrando 50 anos de ordenação sacerdotal. Nascido em Elias Fausto, o menino que, em São Paulo, estudou com os Salesianos no Liceu Coração de Jesus teve em seu coração o ardente desejo de servir a Deus cuidando dos jovens. Enfrentou doenças, dificuldades, pedras tantas que lhe roubaram lágrimas, mas nunca a fé. A fé guiou seus passos para criar uma pequena comunidade que se tornou gigante e está presente em diversos países no mundo todo. A Canção Nova surgiu de um sonho do Padre Jonas de "formar homens novos para um mundo novo". Homens e mulheres que soubessem encontrar um sentido para viver. Homens e mulheres que experimentassem a real felicidade de viver o cristianismo. Começou pregando em retiro de jovens. Revolucionário, usava o violão em suas celebrações. Compunha lindas canções que tocavam a alma e apresentavam um Deus capaz de nos surpreender, de nos alimentar de esperança e de fazer pr...

A educação de todo dia

Imagem
Um carro passa com a janela aberta. Alguém joga algo na rua. Fato do cotidiano. Fato feio do cotidiano. Não importa se o carro é de luxo ou não. Se seus ocupantes têm mais ou menos dinheiro, se têm formação universitária ou não. O que chama a atenção é a ausência de cidadania. É o descuido com o espaço público. É o desrespeito ao outro. Quantas vezes, ao dar a última aula, pedi aos alunos que olhassem ao seu redor. Eram papéis espalhados pelo chão, restos de lápis, papéis de bala, entre outras coisas. Pedia-lhes que pensassem no pessoal da faxina vendo aquela sujeira. Seria correto deixar para o outro o dever de cada um de nós de jogar o próprio lixo no lixo? E, então, juntos, recolhíamos tudo. O resultado era surpreendente. Nas aulas seguintes, não se via mais sujeira pelo chão. Acredito na educação que provoca reflexão e transforma atitudes. Quando nos preocupamos em ensinar as teorias matemáticas ou geográficas, estamos certos. Ou teorias de química e física. Ou o apuro para a...