24 março 2015

Entrevista com: Jojo Moyes

Jojo Moyes é uma mulher normal. É casada, tem filhos, trabalha. A diferença é que seu trabalho é lido e reconhecido por leitores apaixonados espalhados por todo o planeta. A autora de best sellers como “A Última Carta de Amor” e “Como Eu Era Antes de Você” se prepara para lançar seu mais novo livro no Brasil, “Um Mais Um”. Em entrevista, Jojo fala sobre seu processo criativo, seu trabalho anterior como jornalista e muito mais!

Você trabalhou como jornalista antes de se tornar escritora. O que fez você mudar de profissão?

Eu sempre escrevi histórias. Lembro de quando era criança e enchia os cadernos da escola com longas e intermináveis histórias sobre heroínas e seus pôneis telepáticos! Mas foi quando eu já trabalhava como jornalista que eu decidi tentar realmente escrever um livro. E eu escrevi três antes de conseguir publicar o primeiro.
Sua experiência como jornalista ajudou na elaboração dos seus livros?
Eu acredito que ser jornalista ensina a você algumas coisas. Ensina, por exemplo, a escutar – uma habilidade muito importante. Também te ensina a ver histórias em qualquer lugar: nos casos que as pessoas contam, nas cortinas fechadas de uma casa do outro lado da rua, na bicicleta estacionada que ninguém vem buscar… E o jornalismo também te ensina a trabalhar com prazos. Editores gostam de ex-jornalistas porque eles sabem que levamos prazos muito a sério – o que nem sempre acontece no mundo editorial!
Como foi para você lançar seu primeiro livro, “A Última Carta de Amor”, e ter tamanho retorno do público?
Ver seu primeiro livro ser impresso é uma experiência incrível, especialmente depois de esperar por tanto tempo, como eu esperei. E receber uma resposta tão boa dos leitores também é incrível. É encantador quando seus personagens ganham vida na cabeça de outras pessoas.
No Brasil seus livros venderam mais de 200.000 cópias. Você tem contato com os leitores brasileiros?
É maravilhoso! Sim, eu converso com os leitores do Brasil via Twitter e Facebook. Eu tento responder todo mundo que consigo. Os brasileiros são leitores muito apaixonados – e eu amo a maneira como eles me escrevem, sempre assinando suas mensagens com “beijos!”.
Você tem planos de visitar o Brasil em breve?
Eu adoraria visitar o Brasil um dia. Já escutei tantas coisas boas sobre o País, especialmente de outros amigos escritores.
Seu livro mais recente, “Um Mais Um”, foi lançado no Brasil em fevereiro. Como foi o processo de escrita?
Cada livro tem um processo de escrita bem diferente do outro. Eu já escrevi 12, eu acho, e todas as vezes que eu me sento pela primeira vez para escrever um novo penso “como foi que eu consegui fazer isso antes?”.
Qual o diferencial de “Um Mais Um” em relação aos seus outros livros?
Livros são como crianças – você tem uma ideia de como gostaria que eles fossem, e você faz de tudo para que isso aconteça, mas eles vão tomando forma própria. Não tem muito o que você possa fazer sobre isso. Então cada livro acaba se tornando único.
Suas histórias falam sobre o cotidiano, o dia-a-dia. Onde você busca inspiração? Sua própria vida a inspira?
Eu vejo inspiração em qualquer lugar: nas conversas das mulheres no supermercado, em artigos de jornal, em músicas… Eu acho que temos que aprender a ser mais abertos para ver essas coisas – normalmente estamos tão ocupados pensando sobre o que nós achamos e o que nós queremos dizer que não olhamos ao nosso redor, pelo menos não o suficiente.
Em Março celebramos o Mês da Mulher. E você é uma verdadeira supermulher: escritora, esposa e mãe. Como você concilia todas essas funções?
Não é tão fácil! Quando estou escrevendo me sinto culpada por não estar dando atenção para os meus filhos. Quando estou com as crianças parte do meu cérebro me cobra que eu poderia estar escrevendo. Tenho sorte que meu marido é um homem muito paciente, então ele sabe como eu sou. Basicamente sou como qualquer outra mãe que trabalha – mas com o privilégio de fazer um trabalho que amo.
Você acredita que existem diferenças entre mulheres e homens no mundo literário?
Esta é uma pergunta interessante. Tenho pouco conhecimento sobre como as coisas são no Brasil, mas aqui no Reino Unido temos um grande debate sobre o quanto a ficção escrita por mulheres é levada a sério em comparação ao que é escrito por homens. Eu costumava ficar mais triste com isso, mas desde que o número dos meus leitores alcançou a marca de milhões fiquei feliz que as pessoas gostam dos meus livros. O sucesso de uma publicação não depende do que os críticos de jornais dizem, e sim do que os leitores dizem para os outros leitores. Essa, em minha opinião, é a melhor crítica.
Quais são suas autoras favoritas?
Nossa, isso muda toda semana! Eu amo várias autoras, e autoras bem diferentes – de Kate Atkinson a Nora Ephron. Liane Moriarty é uma nova favorita minha: gosto das suas personagens femininas fortes e de seus enredos complexos.
O que você diria para alguém que quer se tornar escritor?
Comece a escrever! Não espere pela hora certa (não existe hora certa) e também não espere permissão de nada nem de ninguém. Simplesmente se comprometa a escrever 500 palavras por dia e faça isso. Quando eu não tinha tempo, programava meu despertador para uma hora antes e escrevia na cama, antes dos meus filhos acordarem. Agora eu escrevo sempre que posso: entre um compromisso e outro, no trem, enquanto almoço… Nem todas as mulheres podem se dar ao luxo de um escritório silencioso 24 horas por dia!
Quais são os seus projetos para o futuro? Algum livro novo a caminho?
No momento estou me dedicando a adaptação de “Como Eu Era Antes de Você” para o cinema, e também estou trabalhando no roteiro da versão em filme de “Um Mais Um”. E, claro, estou escrevendo meu próximo livro, mas ainda não posso falar nada sobre ele…!
Quer deixar uma mensagem aos seus leitores do Brasil?
Obrigada a todos os meus fãs brasileiros. Estou muito feliz que vocês gostam dos meus livros!

Texto e entrevista: Carolina Porne
Fonte:  #UniversoFnac, distribuida gratuitamente em todas as lojas
Matéria publicada originalmente na revista

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